Cinema e Psicanálise: A Insight Psicanálise utiliza aplicação da análise fílmica para a aprendizagem do conceito de inconsciente
A sétima arte, inventada no final do século XIX, estabeleceu-se como uma das experiências sociais mais intensas do século XX. Seria inimaginável prever o que aquela primeira sessão pública, em 1895, durando vinte minutos e projetando dez filmes, iria suscitar.
Desde aquele momento, as experiências propiciadas pelo cinema relacionam-se à dimensão do sensível, que atinge de algum modo o sujeito e muitas vezes não pode ser traduzida, nem mesmo por palavras.
O poder de tocar os espectadores que o cinema possui pode explicitar sua vinculação extremamente comum com a psicanálise. O alcance da arte para fascinar, surpreender, interrogar e também angustiar só se concebe a partir da audiência cativa de outrem.
A obra cinematográfica só ganha vida desde que olhada, assistida e consumida por seu público. Talvez essa necessidade de ter um outro seja um dos pontos que fazem da aproximação entre cinema e psicanálise algo tão caro aos estudiosos desses campos de saber.
Esses dois mundos parecem compartilhar uma mesma questão: ambos fazem com que as palavras e vivências sejam constantemente reinventadas, seja pelas emoções suscitadas ou pela técnica de construção da cena cinematográfica e seu efeito no espectador, seja por mecanismos engendrados no seu inconsciente. A psicanálise e o cinema podem despertar no homem o que há de mais contundente e essencial, na medida em que trazem à tona o que faz do homem realmente um ser com subjetividade. Tecidas essas considerações a respeito do cinema e da psicanálise, o presente artigo pretende encaminhar os seguintes questionamentos: é possível conceber o ser humano como um ser cinematográfico?
Os mecanismos e elementos do cinema são comparáveis à estrutura do funcionamento psíquico? Além dessas questões, optamos por defender a tese da identificação como um suporte para a fruição estética.
A investigação teórica e a análise fílmica psicanalítica foram escolhidas como métodos de pesquisa na Insight Psicanalise, e fazem parte do Curso de Formação Psicanalítica. Utilizam-se filmes consagrados a fim de dispor em movimento a conceituografia psicanalítica que organiza o conceito de inconsciente em Freud e Lacan. Observa-se, assim, que a novidade freudiana consistiu em desatrelar o inconsciente da consciência e elevá-lo ao estatuto de instância psíquica que se expressa por meio de sonhos, atos falhos, chistes e outros. A partir dessa concepção, posteriormente Lacan propõe o inconsciente estruturado como linguagem provendo o fio fundamental dos laços sociais.
O Cine Abrapsi é um Benefício de todos os Associados da Abrapsi
O Cine Abrapsi que foi criado em 2010 como uma atividade de extensão científica da Associação Brasileira de Psicanálise Insight, pela diretora, Rosemeire Valéria de Araujo e, passou a contar com a participação de vários profissionais das áreas: médica, psicológica, psicanalítica e outras afins, que colaboram como facilitadores do processo reflexivo. As recomendações dos filmes e seus trailers ficam publicadas dentro da Plataforma da Abrapsi e é um benefício extendido a todos os profissionais da área da saúde mental e emocional que optam por se filiar a abrapsi.org.br. Sendo que a Cine Abrapsi hoje é um benefício de todos Profissionais Filiados a Abrapsi.org.br, é uma ferramenta de atualização na área através das mais diversas indicações de filmes que podem ser assistidos canais de entretenimento.
A psicanálise surge, assim como o cinema, no final do séc. XIX, e ao longo das décadas seguintes ambos revolucionaram a cultura e a maneira do homem ver o mundo e a si mesmo. A psicanálise vem permeando e interceptando o cinema no novo milênio, com filmes e autores excepcionais e que fornecem extenso e prolífico material de estudo, para exercício de análise e, claro, muito prazer.
A psicanálise ressaltou e validou o saber profundo contido nas fantasias, sonhos e obras de arte. Considerar tal saber é atribuição tanto do método psicanalítico como da proposta do Cine Abrapsi.
Por último, em relação à sétima arte*, o contato com a dimensão inconsciente promoveu maior densidade psicológica dos personagens e das narrativas cinematográficas, bem como experiências estéticas inovadoras. Cinema e Psicanálise, deste modo, estabelecem uma relação dialética de influência mútua, como uma via de mão dupla que se retroalimenta. As múltiplas tipologias, comportamentos e dramas humanos vividos nas telas também suscitam novas possibilidades diagnósticas para a compreensão psicanalítica, além de inspirar narrativas de casos.
Ref. IDE SP, 40(64)