“CONCEITOS DE PARENTALIDADE”

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Parentalidade é um termo relativamente recente, ele começou a ser utilizado na literatura psicanalítica francesa mais ou menos a partir dos anos 60. O termo passou a ser empregado para retratar como funcionava o processo de construção na constituição das relações entre pais e filhos.

E apesar dessas dimensões inerentes ao parentesco terem sido estudadas também por outras áreas do saber, como a antropologia, a filosofia e a sociologia, foi no campo da psicologia e psicanálise que pudemos encontrar uma vasta pesquisa referente aos processos psíquicos e todas as mudanças subjetivas produzidas pelos pais, a partir do desejo de ter um filho.

Parentalidade é um termo relativamente recente, ele começou a ser utilizado na literatura psicanalítica francesa mais ou menos a partir dos anos 60. O termo passou a ser empregado para retratar como funcionava o processo de construção na constituição das relações entre pais e filhos.

Imaginemos o seguinte exercício: Se pudéssemos voltar ao passado para realizar uma rápida retrospectiva histórica, iríamos observar que nas antigas sociedades tradicionais, as relações de aliança eram mensuradas e estabelecidas a partir do patrimônio familiar adquirido, entretanto, acelerando nossa viagem temporal para a partir do século XVIII, notaríamos que através do discurso iluminista, que promoveu uma série de ideais centrados na razão, na ciência, na liberdade individual e no progresso humano, tais como:

Racionalismo: Os pensadores iluministas enfatizavam a importância da razão como fonte primária de conhecimento e como ferramenta para analisar e compreender o mundo. Eles promoviam a ideia de que a razão poderia ser utilizada para questionar dogmas e tradições e para promover o avanço do conhecimento humano.

Empirismo: Junto com o racionalismo, os iluministas valorizavam a observação e a experiência sensorial como meios de adquirir conhecimento sobre o mundo. Eles acreditavam que a investigação científica e a observação empírica poderiam revelar as leis naturais que governam o universo.

Humanismo: O Iluminismo promovia um humanismo centrado no indivíduo, defendendo a ideia de que cada pessoa tinha direitos inalienáveis e que o objetivo da sociedade deveria ser promover o bem-estar e a liberdade de todos os indivíduos.

Tolerância: Os iluministas eram defensores da tolerância religiosa e da liberdade de pensamento. Eles argumentavam que todas as pessoas deveriam ter o direito de praticar sua própria religião e expressar suas próprias crenças, desde que não prejudicassem os direitos dos outros.

Progresso: O Iluminismo era otimista em relação ao potencial humano de progresso e melhoria. Os pensadores iluministas acreditavam no poder da educação, da ciência e da razão para transformar a sociedade e melhorar a condição humana.

Toda essa visão, somada a importância do romantismo, que foi outro movimento cultural que desempenhou um papel igualmente importante na história cultural e intelectual, oferecendo uma nova maneira de entender e explorar o mundo, onde as emoções humanas e o papel da arte na sociedade são o foco, influenciaram toda a perspectiva do amor entre casais e entre pais e filhos, assim, os arranjos familiares não dependem mais somente da parentalidade, mas sim do desejo entre casais de estabelecerem relações íntimas.

Neste contexto, o amor entre pais e filhos é fortemente marcado pela noção de educação e a formação das crianças torna-se um fator importante para o desenvolvimento de uma sociedade saudável.

Na psicanálise, a parentalidade é vista como o conjunto de experiências, comportamentos e dinâmicas que envolvem a relação entre pais e filhos. É um campo de estudo que analisa como as figuras parentais influenciam o desenvolvimento psicológico e emocional das crianças, bem como essas influências podem refletir na vida adulta.

A relação entre pais e filhos é complexa e pode ser influenciada por uma série de fatores, incluindo as próprias experiências parentais dos pais, suas personalidades, traumas não resolvidos, as expectativas culturais e sociais, entre outros. A psicanálise também se interessa pela forma como as dinâmicas familiares, como rivalidades entre irmãos, competição por atenção dos pais e modelos parentais, impactam o desenvolvimento psicológico das crianças.

Além disso, a psicanálise investiga como as relações parentais moldam a personalidade e o comportamento das crianças, incluindo questões como a formação de identidade, autoestima, habilidades sociais e capacidade de lidar com emoções. Falaremos inclusive, um pouco mais sobre questões de identidade logo a frente.

Resumindo: A parentalidade desempenha um papel fundamental na constituição do indivíduo em várias dimensões. Aqui estão algumas das maneiras pelas quais a parentalidade é importante:

  1. Modelagem de Comportamento: Os pais são os primeiros modelos de comportamento para as crianças. Elas aprendem como interagir com o mundo observando as atitudes, valores e comportamentos de seus pais. Portanto, a parentalidade influencia diretamente o desenvolvimento de habilidades sociais, éticas e morais.
  2. Formação de Identidade: A relação com os pais desempenha um papel significativo na formação da identidade da criança. A forma como os pais interagem com ela, a maneira como a tratam e as mensagens que transmitem sobre quem ela é e qual é o seu valor, moldam sua autoimagem e autoestima.
  3. Desenvolvimento Emocional: A parentalidade influencia profundamente o desenvolvimento emocional das crianças. Os pais fornecem o suporte emocional necessário para que as crianças aprendam a regular suas emoções, enfrentar desafios e lidar com o estresse. A qualidade das interações parentais pode afetar diretamente a saúde emocional e o bem-estar psicológico ao longo da vida.
  4. Habilidades de Vínculo e Relacionamento: As experiências de vínculo e apego com os pais estabelecem um modelo para os futuros relacionamentos da criança. Uma parentalidade segura e afetuosa promove a capacidade da criança de estabelecer relacionamentos saudáveis, confiantes e íntimos no futuro.
  5. Transmissão de Valores e Cultura: Os pais desempenham um papel central na transmissão de valores, crenças e tradições culturais para as próximas gerações. Eles são os primeiros professores sobre o mundo e seu papel é crucial na formação da visão de mundo da criança.

Em suma, a parentalidade é vital na constituição do indivíduo, pois influencia não apenas o desenvolvimento emocional e social, mas também a formação da identidade, das habilidades de relacionamento e da compreensão do mundo.

A falta de parentalidade adequada pode ter uma série de consequências negativas para o desenvolvimento e o bem-estar desses indivíduos. Tais como:

  1. Problemas emocionais e psicológicos: A falta de uma figura parental presente e cuidadora pode levar a problemas emocionais, como ansiedade, depressão, baixa autoestima e dificuldades de regulação emocional. As crianças podem se sentir inseguras, negligenciadas ou abandonadas, o que pode ter impactos duradouros em sua saúde mental.
  2. Dificuldades de vinculação e relacionamento: A parentalidade ausente ou inadequada pode prejudicar o desenvolvimento saudável dos vínculos afetivos e das habilidades sociais da criança. Isso pode resultar em dificuldades para estabelecer relacionamentos íntimos e confiáveis no futuro.
  3. Comportamento desafiador e delinquência: Crianças que não recebem a orientação e os limites apropriados dos pais podem apresentar comportamentos desafiadores, rebeldia e envolvimento em atividades delinquentes. A falta de supervisão e apoio parental pode aumentar o risco de envolvimento em comportamentos de risco, como uso de drogas, violência e criminalidade.
  4. Desempenho acadêmico comprometido: A parentalidade inadequada pode afetar negativamente o desempenho acadêmico das crianças. A falta de apoio e incentivo dos pais pode resultar em falta de motivação, desinteresse pela escola e dificuldades de aprendizagem.
  5. Problemas de saúde física e bem-estar geral: A falta de orientação parental pode levar a hábitos de vida pouco saudáveis, como má alimentação, falta de exercício e higiene inadequada, o que pode resultar em problemas de saúde física e bem-estar geral.
  • Ciclo intergeracional de dificuldades: A falta de parentalidade adequada pode perpetuar um ciclo intergeracional de dificuldades, com crianças que crescem sem modelos positivos de parentalidade reproduzindo esses padrões quando se tornam pais.

Em resumo, a falta de parentalidade pode ter impactos significativos em várias áreas do desenvolvimento e do bem-estar das crianças, podendo afetar negativamente sua saúde mental, emocional, social e física, não somente na infância, mas também ao longo da vida adulta.

O amor é uma grande decisão

É preciso desconstruir a idéia de que o amor entre duas pessoas deva ser algo instantâneo, pois o amor é um sentimento a ser aprendido e construído, e apenas a partir de uma decisão é possível alcançar esse saber do outro, ou seja como amar o outro.
Amor é algo que se constrói com o tempo, é algo que parte do momento que por alguma razão “decidimos” amar alguém.

REFERENCIA:

http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-48382010000200010

Rosemeire Valéria Araujo

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