A nossa relação atual com objetos tecnológicos
Mudanças que ocorrem à nossa volta, no nosso cotidiano, principalmente, nos afetam de maneira inevitável. O avanço súbito e cada vez mais ágil da tecnologia é um exemplo. É notável que a população mundial está, cada dia que passa, mais ligada nas redes sociais e antenada pelos seus objetos tecnológicos. Uma pesquisa realizada mostrou que o Brasil é o país mais conectado na América Latina, resultado este que pode ser preocupante. Continue lendo este artigo e descubra o que a psicanálise tem a ver com esse crescimento tecnológico.
O aumento desenfreado do uso tecnológico de proporção mundial tem impacto significativo na vida do homem, e especialmente, na sua mente. As novas possibilidades que estes avanços proporcionam, apesar dos seus benefícios, também tem seu lado negativo. Esse lado em questão pode ocasionar transtornos para as pessoas, fazendo-as se questionarem o que são e o porque estão nesse mundo, uma indagação a ser adicionada no universo psicanalítico.
O transtorno do virtual
Relacionado ao abstrato, o termo “virtual” é caracterizado por ser algo que não se retém ao tempo e espaço, trazendo possibilidades além de horizontes, cidades, países, horas, etc. Tem característica também pela falta de uma presença real, a ausência da necessidade de um contato físico e concreto, o que deve ser a maior causa do aumento da sensação de solidão e isolamento do mundo real pelas pessoas que estão cada vez mais conectadas na rede.
Segundo Cheniaux, escritor do Manual de Psicopatologia, nossos nervos receptores que captam as informações externas fazem uso de montagens mentais para compreendermos os estímulos recebidos. A atenção, motivação e emoção são influentes nesse processo, onde ocorre uma triagem das informações significativas e o descarte do que não é relevante. E é devido à esses estímulos que o nosso sistema mental tem a capacidade de refazer a nossa realidade e reorganizá-la fazendo uso da fantasia.
Afinal, estamos conectados ou desconectados pelas tecnologias?
Esse questionamento é comumente feito atualmente e, por vezes, pode ser confuso para quem questiona. Esse tipo de confusão pode levar à pessoa a se perguntar em que posição ela se encontra no sistema realidade-virtual. Por dedicar boa parte do nosso tempo ao uso de equipamentos tecnológicos e redes sociais, nós nos distanciamos ou prestamos menos atenção no mundo real à nossa volta, e para muitos, isso é um indício de que estamos desconectados com algo realmente importante para entrarmos num universo fantasioso e que pode ser altamente prejudicial à nossa saúde mental.
Pesquisas apontam que os adolescentes são os que mais sofrem com esse distanciamento com a realidade. Eles são facilmente atraídos pelas possibilidades de relação e conhecimento de novas realidades que a tecnologia proporciona. Como também, a facilidade de comunicação com outros adolescentes e outros grupos, aproveitando que essa fase é caracterizada pela incessante busca de aceitação e interação com outras pessoas.
No entanto, o excesso do uso da tecnologia por parte dos adolescentes pode torná-los dependentes e causar riscos à sua vida social no mundo real, podendo diminuir os seus rendimentos nos estudos e trabalho, ocasionando outras situações negativas na sua vida. Esse é o campo que a psicanálise entra, utilizando as sessões e análises com o dependente para saber qual a causa original desses transtornos e as sensações negativas em que a pessoa é submetida constantemente.
Para o bom funcionamento das relações pessoais e virtuais, é necessário que exista um equilíbrio, onde a nossa conectividade virtual não se sobressaia à nossa interação no mundo real. A fantasia pode ser muito atraente, porém, devemos nos lembrar de que somos seres vivos que precisam, portanto, viver e isso só é possível de forma prática e concreta.