O tratamento psicanalítico clássico e a psicoterapia psicanalítica breve seguem a linha psicanalítica, o que varia é o enquadre. As sessões de análise dessas duas formas de tratamento, se diferenciam em relação ao tempo e ao foco.
A diferença entre o tratamento psicanalítico clássico e psicoterapia psicanalítica breve, pode ser definida em dois pontos: o limite do tempo de duração e a presença do foco, o que gera uma mudança na relação terapêutica, mas preserva uma comunicação significativa, apesar da questão temporal.
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A psicoterapia breve pode durar algumas sessões ou alguns meses e tem um prazo máximo estabelecido convencionalmente de um ano.
Na psicoterapia breve o foco funciona como um acordo inicial de trabalho, onde o terapeuta deixa claro ao paciente que compreendeu o seu problema atual e a razão da sua busca por esse tipo de tratamento.
Na psicoterapia breve psicanalítica o foco pode ser o sintoma, um conflito, a questão edípica, entre muitos outros. O foco sempre está presente, mas o analista deve permanecer em estado de atenção flutuante, como no tratamento psicanalítico clássico. Os terapeutas não se atem ativamente ao foco, que surgirá na sua interpretação apenas no momento adequado.
O compromisso da psicoterapia psicanalítica breve é com o esclarecimento do foco, propiciando a auto-reflexão. No tratamento psicanalítico clássico o compromisso é com a eliminação do sintoma.
Ferenczi e a psicoterapia breve
Ferenczi foi um dos principais autores que defenderam a psicoterapia psicanalítica breve. Para ele, os pacientes tendem a abandonar o processo terapêutico, tão sofrido, assim que obtém alívio de seus sintomas mais marcantes.
Ferenczi apostava no encurtamento da terapia por acreditar que a questão principal na psicoterapia se refere aos conflitos do paciente na relação transferencial. Em contrapartida, no tratamento psicanalítico clássico, Freud apostava nas lembranças da infância, nas construções em análise, o que leva tempo.
A grande maioria dos autores de psicoterapia breve, deixa de adotar algumas técnicas presentes no tratamento psicanalítico clássico, mesmo preservando aspectos da teoria freudiana. Muitos deles evitam, por exemplo, a interpretação por não trabalhar com associação livre.
Quando indicar a psicoterapia psicanalítica breve
Muitas pessoas que buscam tratamento psicanalítico desistem do processo depois de um tempo por não terem a intenção de transformar a análise em uma tarefa de longo prazo. O que elas querem é resolver situações de conflito pontuais, como por exemplo uma separação, mudança de emprego ou cidade ou até mesmo tomar uma decisão importante.
A psicoterapia breve psicanalítica pode ser indicada quando a demanda de análise do paciente requer prazos pré-estabelecidos pelas circunstâncias da vida. O analista deve avaliar cuidadosamente a demanda do paciente e estar aberto para outras possibilidades psicanalíticas, a fim de compreender qual forma de tratamento é recomendada para aquele paciente.
Em muitos casos, a psicoterapia psicanalítica breve funciona como uma porta de entrada para um posterior tratamento psicanalítico clássico.
A experiência analítica certamente trará benefícios para aqueles que nela se implicarem. A possibilidade de um tratamento profundo está presente nos diferentes enquadres, independentemente da diferença entre o tratamento psicanalítico clássico e a psicoterapia psicanalítica breve.