O processo psicanalítico acontece a partir de um contrato pré-estabelecido entre paciente e analista, onde ambas as partem aceitam se implicar no processo psicanalítico.
Para a psicanálise, as fontes dos conflitos psíquicos estão ligadas à aspectos inconscientes e o analista deve auxiliar o paciente a descortinar aspectos encobertos, fazendo emergir à consciência o que está reprimido. Dessa forma, o paciente poderá lidar com seus conflitos, antes inconscientes, conscientemente.
Ao descortinar conflitos inconscientes que são causas de sofrimento, o processo psicanalítico oferece aos pacientes a possibilidade de se apropriarem de conteúdos antes inacessíveis, que permaneceram por muito tempo inconscientes.
O processo psicanalítico realiza-se através da fala, que acontece sob a forma de associação livre, ou seja, o paciente verbaliza todos os pensamentos que surgirem em sua mente, falando sobre seus sonhos, desejos e fantasias livremente.
Ao localizar e compreender conflitos internos, o processo psicanalítico permite ao paciente entender as razões de repetições que lhe causam sofrimento, abrindo possibilidades de mudança e de reconstrução da própria história.
Compreendendo a função do analista
A função do psicanalista, através de sua escuta atenta, é ajudar o paciente a trazer para a consciência desejos reprimidos. O analista busca manter uma atitude neutra e de não julgamento, para que o seu paciente se sinta seguro e confiante para falar.
Um ponto importante em relação a função do analista é o retorno que este dá ao paciente. Não cabe ao psicanalista dar conselhos ou orientações ao paciente. É preciso que o analista se abstenha dessas atitudes, uma vez que os pacientes devem tomar suas decisões por si mesmo.
O analista, por meio de inferências, retorna ao paciente aquilo que ele considera sinais do inconsciente, e que pôde captar no discurso do paciente. O feedback do analista tem como objetivo levar o paciente a tomar consciência por si só de sua condição.
Por esse motivo, no processo psicanalítico o analista se abstém de falar suas opiniões e julgamentos, pois o que irá levar o paciente a cura de seus sintomas será fruto de suas próprias conclusões e esclarecimentos, trabalhados no processo psicanalítico.
O analista funciona como um espelho que reflete os medos, desejos e fantasias do paciente, o que o leva a reconhecer os seus processos psíquicos. A formação do analista é um processo longo que requer estudo, análise pessoal e a supervisão dos casos feita geralmente por analistas mais experientes.
Os efeitos do processo psicanalítico
A liberação dos conteúdos reprimidos, faz com que impulsos destrutivos que se repetiam percam a sua força amenizando o sofrimento do paciente.
A energia antes destinada a manter inconsciente o material recalcado, denominada libido, é liberada a partir do momento que esses conteúdos se tornam conscientes, podendo ser utilizada para atividades mais produtivas.
Para a psicanálise, os efeitos do processo psicanalítico estão para além de efeitos terapêuticos. Muito mais do que o bem-estar, a análise leva o paciente que se implica no processo psicanalítico, a mudanças profundas relacionadas ao seu modo de ser e estar no mundo.